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10 de janeiro de 2012

Papa afirma que o casamento homossexual ameaça o futuro da humanidade.

O Papa Bento XVI sugeriu nesta segunda-feira (09 de janeiro), que o casamento homossexual ameaça o futuro da humanidade. Segundo o líder da Igreja Católica, devemos presar pela educação dos nossos jovens para o futuro e a presença de casais homossexuais poderia causar uma interferência nociva nesses jovens. O Papa ainda criticou o presidente dos Estados Unidos da América Barack Obama por não apoiar o projeto de uma proibição federal ao casamento homossexual em território estadunidense e afirmou, também, que tal decisão pode “precipitar um conflito nacional de enormes proporções entre a Igreja e o Estado”, segundo o pontífice.


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O deputado federal Jean Wyllys de Matos Santos, famoso atualmente por sua luta contra a discriminação de cunho homofóbico, entre outras, teceu sérias críticas ao papa após o pronunciamento de Bento XVI. Jean disse esperar que os países laicos não cedam à pressão católica.
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Essa última frase do papa pareceu-me uma ameaça. Deixa transparecer, também, que o papa aparenta não estar à par da política mundial, que há mais de um século, promove a separação entre a Igreja e o Estado, assemelhando-se muito com uma ameaça por parte do sumo pontífice.

Pergunto-me qual é a autoridade do líder do vaticano para desejas interferir nessa política e interferir, ainda mais, na vida pessoal daqueles que não seguem as mesmas crenças que ele.


Alguns afirmam que o casamento é uma instituição católica erroneamente. O casamento é algo muito antigo na história da humanidade, ocorrendo em diversas civilizações anteriores à igreja católica. Na antiga Roma existia o casamento, assim como na antiga Grécia, no império babilônico, persa, entre outros. O matrimônio pode ser explicado via evolução da espécie humana, sendo que a união dos pais do bebê permitia um maior cuidado com o recém-nascido, gerando maior chance de sobrevivência da criança em uma era em que poucos bebês conseguiam sobreviver em meio aos perigos do início da espécie.  Mais tarde, com a sobrevivência sendo facilmente garantida pelo avanço das ciências médicas e da cultura humana, o casamento continuou acontecendo, mas para a manutenção da família (termo que ganhou importância cultural imensa durante muito tempo) ou por afeto. A manutenção da família vai aos poucos perdendo sua importância cultural em alguns lugares, sendo essa perda causada, em grande parte, pela liberdade adquirida pelas mulheres durante o último século, garantindo a elas a possibilidade de manter uma família sem a necessidade de um casamento. Com isso, o afeto torna-se a causa final para a manutenção de um casamento em âmbito cultural.

E o afeto pode sim ocorrer entre dois membros do mesmo sexo. Alguns defendem a tese de que o homem está indo contra a lei da natureza ao se relacionar com um indivíduo do mesmo gênero, mas há mais de cem anos sãodocumentados animais, principalmente primatas, que mantém relacionamentos sexuais e afetivos com membros do mesmo sexo.

Outras argumentações dizem que o casamento homossexual não pode ocorrer, pois o casamento teria como finalidade a reprodução, que não pode ocorrer entre pessoas do mesmo sexo. Primeiramente, isso retira todo o aspecto cultural afetivo do casamento, fazendo tais pessoas cair em certa contradição ao dizer que a reprodução teria mais importância do que o amor afetivo. Um segundo ponto que posso levantar é de que, seguindo tal raciocínio, pessoas comprovadamente inférteis teriam que ser proibidas de se casarem, algo que até ocorre em países islâmicos (onde religião e Estado ainda se confundem), mas que é inconcebível com a nossa cultura.

Talvez a mais revoltosa argumentação, seja a de que o casamento homossexual, em conjunto com a adoção (fato que seria quase automático com o casamento) levará à extinção da espécie humana, como defendido pelo Pastor Silas Malafaia. Segundo essa argumentação, as crianças criadas por homossexuais se tornariam também homossexuais, acabando assim com a reprodução. Para tal argumentação, as respostas são múltiplas:

  • Assumindo que essa realidade altamente improvável possa ocorrer, teríamos que relembrar que a necessidade é o pai de todas as invenções. A pessoa ser homossexual, não significa que ela não possa manter relações sexuais e reproduzir com uma pessoa do sexo oposto, garantindo assim a manutenção da espécie.
  • Assumindo novamente que tal realidade altamente improvável possa ocorrer, posso relembrar que a primeira fertilização in vitro ocorreu em 1978 na Inglaterra. Tal tecnologia médica também poderia ser utilizada para a manutenção da espécie, não?
  • Agora negando tal realidade altamente improvável, podemos afirmar que nenhum dado mostra que filhos de pais homossexuais também seriam homossexuais.
  •  Seguindo essa lógica, também podemos crer que homossexuais não existiriam, já que, geralmente, homossexuais são filhos de pais heterossexuais, então teriam que ser também heterossexuais. Mas homossexuais continuam a existir.
  • Por último, mostro esse vídeo. Vejam a felicidade desse casal homossexual ao descobrir que sua filha adotiva estava grávida (de alguém do sexo oposto, é óbvio). Ela ser criada por pais homossexuais não significou que ela tornou-se homossexual também, como torna óbvio o vídeo abaixo:


Existem muitos outros argumentos contra isso, então citei apenas os que acho mais importantes.

Também preciso citar a afirmação mais fraca de todas. A de que Deus teria criado apenas o homem e a mulher e, se ele quisesse o homossexualismo, ele teria criado homem e homem. Essa afirmação, além de ser rebatida até por membros do próprios cristianismo, torna-se inválida, por ser amparada em uma crença. Existem múltiplas crenças no mundo. Como apenas uma, duas ou mais dessas crenças teriam a autoridade para reger o comportamento de integrante de todas as outras crenças do planeta?

E é essa autoridade ilegítima que o Papa tenta ter, ao promover as ameaças citadas anteriormente ao presidente estadunidense. Você pode até me rebater e dizer que aquilo foi um aviso do que pode ocorrer e não uma ameaça. Até pode ser verdade isso, mas então a ameaça do papa, como supremo poder da Igreja Católica, seria a de não utilizar seu poder para evitar tal conflito nacional entre igreja e Estado. Ainda assim, uma ameaça.

A Igreja do papa pode até negar a celebração do casamento homossexual dentro de seus templos, por não condizer com suas doutrinas, mas jamais interferir no Estado e, assim, negar o casamento civil a essas pessoas, assim como também não pode interferir em outras religiões que desejem promover tais celebrações.

O Estado deve ser laico e a religião livre. Tais dizeres e ameaças do papa atentam contra a política do Estado, a Liberdade religiosa e a liberdade do próprio ser-humano.

Por Rafael, estudante, heterossexual e cidadão.

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